quinta-feira, 22 de outubro de 2009

LADRÃO SE AJOELHA E "REZA" ANTES DE ROUBAR VÍTIMA NOS ESTADOS UNIDOS!!!

Esta é a manchete na Folha de S.Paulo de hoje que transcreve matéria da BBC Brasil e que descreve uma inusitada ação de violência ocorrida segunda-feira na cidade americana de Indianápolis. Pela nota ficamos sabendo que tudo aconteceu assim: ao indentificar que se tratava de um assalto a vítima começou a chorar e a falar sobre Deus. Até aí nada mais natural e humano, posto que em momentos de aflição e desespero, muitos são os que desabam a chorar e sentindo-se impotentes diante da difícil situação, apelam a Deus, seja por meio de reza (como diz o texto) ou por oração. Mas o inesperado ocorre a seguir, o assaltante acompanha a vítima na reza. O assaltante ficou, ajoelhado, juntamente com a vítima em estado de oração por cerca de 10 minutos. Em desabafo confessou que tinha um filho de 2 anos e estava fazendo isso por que precisava alimentá-lo e pediu que a vítima intercedesse a Deus por ele que precisava da ajuda divina para superar suas dificuldades. O final da história: apesar das orações, o ladrão cumpriu seu intento inicial. Levou um celular da vítima e 20 dólares que se encontravam no caixa. Tudo foi filmado por câmeras de segurança e no dia seguinte um homem de 23 anos foi preso, acusado de ser o assaltante.Que história mais interessante! Diariamente nos deparamos com atitudes violentas, assaltos à mão armada, muitas vezes seguidos de morte. Atos violentos, assim, são mais do que constantes em nosso meio, em especial nas grandes cidades, em todos os países, quase que indistintamente. Mas aqui há uma particularidade. Este homem - assaltante - ironicamente ao perceber a ação de sua vítima, que não foi a de defesa ou de reação, mas simplesmente sentindo-se impotente, rezou a Deus, por Sua misericórdia e certamente, por livramento, também, "reza" a Deus e Lhe fala de seu problema social e financeiro, de precisar assaltar para sustentar sua família. Que tempos dificeis vivemos! Não estou aqui para julgar e condenar simplesmente a ação do assaltante, que usou o pior dos meios para sua sobrevivênvia, condenado pela lei dos homens, condenado pela lei de Deus. Não! O que mesmo me chamou a atenção? Foi o inusitado da cena, assaltante e assaltado juntos buscando a presença de Deus! E mais: o autor ou autora da notícia (que não é identificado/a) e que confunde reza com oração. No início afirma que a vítima rezou e o assaltante a acompanhou, depois que orou, como que sinônimos. Quanta confusão! Não se trata, é preciso entender e deixar bem claro, de "coisa sem nenhuma importância", posto que o povo assim entende e assim confunde e se divulga que não há diferença entre os termos. Sem querer polemizar, mas no intuito de me posicionar, afirmo que há uma grande diferença entre rezar e orar. Sei que são muitos os que defendem serem sinônimos os termos, inclusive o dicionário Aurélio assim o faz. Mas o dicionário Aurélio - para quem não sabe - é popular. Ou seja, registra as palavras e os termos que são de uso e domínio popular, sem maiores preocupações com a verdade científica. Querem um exemplo? Quem conhece de tributação e Direito Tributário sabe que taxa e imposto não são sinônimos, ao contrário, são expressões com significados bastante diferentes. Embora ambos sejam tributos, têm conceitos distintos, mas o dicionário Aurélio os classifica como sinônimos. Enfim, voltando a palavra reza, que vem do latim "recitare" e dá a idéia de repeticão, algo recitado, posto que mecânico. Há na reza todo um conteúdo religioso e ritualístico, fruto de decoração de textos, não havendo lugar para nada pessoal, próprio, espontâneo, livre. É preciso repetir, repetir, repetir, quantas vezes mesmo? Já orar vem do latim "orare", que conduz ao falar, à oração, ao pedido aberto, espontâneo, que vem do fundo da alma. Se você pesquisar vai descobrir que na internet este é um assunto polêmico em que líderes religiosos, tanto padres como pastores, se defrontam na defesa de suas opiniões. Concluindo, espero que isso possa indicar mais a diferença entre rezar e orar. Eis o exemplo: O Deus em que creio, criou-me a Sua imagem e semelhança, e é meu Pai. Como homem medianamente inteligente sei - por experiência própria - na convivência com meu pai biológico e por ser pai, com meus dois filhos, que pai - que é pai - não marca hora com seus filhos, não aceita que eles decorem algo para lhe falar, não aceita conversa com palavras recitadas, frias, repetidas e sem força emotiva nenhuma, enfim, pai que é pai quer conversa olho no olho, coração aberto, alma liberta. Pai que é pai não formaliza, não ritualiza, quer que falem com ele, "orem" e não "rezem".

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