quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

EM DRUMMOND TAMBÉM HÁ GRAÇA

Em minhas reflexões e procuras sobre o significado da vida e o confronto entre as idéias do economista que busca na ciência e as do pastor que busca – e encontra - na Bíblia Sagrada respostas para seus questionamentos, encontro respostas, também, entre pessoas reconhecidamente sem muita intimidade com Deus e com as “coisas do espírito”, mas que são sensíveis para entender e interpretar os sentimentos e que, consciente ou inconscientemente, revelam a graça. Veja como Drummond interpreta, neste poema, o amor:


AS SEM RAZÕES DO AMOR

Eu te amo porque te amo
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo bastante a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga, nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor, por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

(Carlos Drummond de Andrade)