sexta-feira, 27 de abril de 2007

A cidade planejada e a visão dos urbanistas: o caso de Palmas (TO)

Desde quarta feira - 25 de abril - encontro-me em Palmas, linda e jovem capital do estado de Tocantins. Estou a trabalho e participo de uma reunião das regionais norte e centro-oeste do FORPLAD, Fórum de Pró-Reitorias de Planejamento e Administração das Instituições Federais de Ensino- IFES, instância de assessoramento da ANDIFES -Associação Nacional dos Dirigentes das IFES.A acolhida pela anfitriã, a Universidade Federal de Tocantins, foi ótima, tendo seu Reitor feito a abertura dos trabalhos em auditório no campus da UFT. Os assuntos discutidos -desde a manhã daquele dia e até hoje, sexta feira, dia 27, foram marcantes e de suma importância para o planejamento e a gestão das IFES das regiões mencionadas. O hotel onde estamos - Victoria Plaza - também é acolhedor e saudável. Ao lançar meu olhar, entretanto, sobre a cidade de Palmas, não posso deixar de fazer analogia com Brasilia, afinal, ambas nasceram das pranchetas de arquitetos e urbanistas. Tanto uma quanto a outra foram planejadas e concebidas para serem mais que modernas, pós-modernas. O que se vê....? Traços e curvas, formas sinuosas e interessantes de se olhar e admirar. Mas meu olhar procura por pessoas nas ruas, nas largas avenidas e pouco vejo. Ou melhor, vejo muito, vejo as coisas, os objetos, as praças, as rótulas, os gramados verdejantes, os edifícios modernos e graciosos.... mas não vejo as pessoas. Ao chegar a cidade, um aeroporto pequeno, mas moderno, nos faz conduzir por uma via ampla de muitos e muitos quilômetros, com uma paisagem repleta de áreas verdes, mas sem construções.... um imenso vazio.... repito, muito verde, muitas terras, mas sem gente; não há casas, não há prédios... por muitos e muitos minutos... apenas o verde, a mata, mas sem habitantes. Quando se percebe que se chega à cidade, torna-se a ver avenidas largas, quadras divididas em terrenos para futuras construções... mas não há nada, muito menos pessoas. À noite, procurando um restaurante, pude ver que nas avenidas há circulação de carros - veículos pequenos e ônibus - com pessoas, mas de passagem, não são vistas,não há movimento de pessoas à pé. Também tudo parece ser muito distante.Incrível, a população atual de Palmas é de algo em torno de 190 mil habitantes, mas a cidade está projetada, com seus imensos espaços vazios para 600 mil/800 mil habitantes. E até que o futuro chegue, até que os espaços vazios sejam ocupados, muitos anos vão passar, até que se possa ver pessoas, senti-las, tocá-las... nem que seja apenas para "jogar uma prosa fora", mas que sejam pessoas, agindo simplesmente como pessoas nas ruas. Que o futuro venha logo e permita que em Palmas pessoas possam ser vistas, não dentro de carros, ou simplesmente de passagem, como eu, mas pessoas em busca de um encontro com outras...!